quinta-feira, 12 de abril de 2012

É que é isto mesmo, sem tirar nem pôr

A Izzie do "A Arte da Preguiça" escreveu o texto abaixo, mas podia muito bem ter sido eu a escrever. Aliás, gostaria de ter sido eu a escrever.
Porque estou inteiramente de acordo. Porque esta coisa do Estado querer ser nosso paizinho (mas só para dar ordens, cobrar deveres e regular hábitos e costumes, que em matéria de protecção social e económica, é sempre a descer) é perigosa, chocante e faz-me ter medo e vergonha dos contornos que este país está a tomar.

"No meu carro mando eu. Lá dentro usa-se cinto de segurança, carrega-se muita tralha, há uma bagageira atafulhada de porcaria que já me mereceu uma valente rabecada por parte de mamãe (e que aturei estoicamente, porque enquanto mamãe ralhava mamãe arrumava, e há que saber dar valor à família) e fuma-se. Sim, fuma-se. Eu não, porque tenho consciência das minhas limitações e espectro de atenção, e não pego em telemóveis seja para o que for nem distraio as mãozinhas com pauzinhos fumegantes enquanto conduzo, mas fuma quem quiser e se quiser. No meu carro não são transportadas crianças mas, quando são, levam os cintos postos e ninguém fuma, porque somos pessoas com dois dedos de testa que não precisam de lei ou decreto que lhes explique que faz mal. Se há pais ou familiares com sérios problemas cognitivos e que fumam na presença de seus petizes, em ambiente fechado, their bad, não tenho nada a ver com isso, e tal não dá o direito a que se legisle sobre o que se faz no me mobile e, já agora, também lá em casa, porque não, há crianças no prédio e deumalibre de as riquezas sentirem nem ao de longe, muito tenuamente, o cheiro do meu fumo.
Já agora, e antes que se lembrem de mandar a asae bater à minha porta, lá em casa também se come manteiga, muito ocasionalmente fritos, há sal grosso e fino a que se dá uso, e agora multem-me lá, ó pulhas, tranquem-me na penitenciária, a regime de salada durante meses, a ver se me rala, ó fundamentalistas de merda."

segunda-feira, 9 de abril de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mundo ao contrário

Ontem foram os teus anos... Mas tu não estiveste cá para os celebrar... Não estiveste e nunca mais estarás e, quanto mais os anos passam e os aniversários se repetem, mais evidente se torna que não faço ideia do que ando a fazer.
A falta que me fazes não cabe neste post, nem num livro, nem numa enciclopédia... Nem sequer cabe dentro de mim.
Aprender a viver sem ti tem sido a coisa mais difícil que alguma vez tive de fazer. E suspeito que não estou a ser muito bem sucedida.
Sinto-me constantemente perdida, sem rumo e não confio nas minhas próprias escolhas.
Dava tudo para poder falar contigo mais uma vez. Para te encher de perguntas e sorver as tuas respostas, sempre certeiras, ainda que muitas vezes eu - estúpida - achasse que não.
É suposto o tempo ajudar a curar, a relativizar, a suavizar... E há alturas em que parece mesmo que ele está a cumprir o seu papel.
Mas depois há outras, como agora, em que me sinto tão desorientada e desarmada que a ideia de ter de continuar a viver e a decidir tudo sem ti me parece quase impossível.
Não era nada disto que eu imaginava quando olhava para o futuro. Um futuro que rapidamente se transformou em presente e que eu não quero para mim. Eu acho mesmo que não merecia chegar a este ponto do caminho assim... Sem respostas nem perspectivas.
Pergunto-me constantemente como seriam as coisas se ainda aqui estivesses. Será que teria feito melhores escolhas e colhido melhores frutos? Será que teria mais certezas e esperanças? Perguntas destinadas a ficar sem resposta e uma única certeza: desde que partiste, tenho o mundo ao contrário.